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Empresas gastam 4,9% do valor captado na operação, em média, para fazer IPO no Brasil

Quinta, 17 Setembro 2020

O custo para abrir capital via oferta pública inicial de ações (IPO) no Brasil é de 4,9%, em média, do valor captado na operação.

A informação é a principal conclusão de um estudo da Deloitte em parceria com a B3, baseado em dados de transações no país entre janeiro de 2004 e maio de 2020.

O trabalho revela que esse custo cai para 3,4% nas ofertas subsequentes (follow-ons), e fica em 3,5% nos follow-ons realizados sob a instrução normativa 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

De acordo com o levantamento, as comissões – como as de colocação, coordenação, garantia de liquidação e incentivo – compõem a maior parte dos custos nos IPOs, cerca de 80%. Já as despesas com auditores, advogados e publicidade, entre outras, respondem por 20%. Em follow-ons, a proporção foi de 82% para comissões e 18% para outras despesas.

Os gastos com coordenadores – instituições financeiras autorizadas a atuar no sistema de distribuição de valores mobiliários – são os mais altos da abertura de capital, segundo o levantamento. Entre 2004 e 2020, o custo médio dessas comissões foi de 3,8% sobre o valor distribuído nos IPOs, 2,7% nos follow-ons e 2,5% nos follow-ons sob a instrução CVM 476.

Já o custo médio com honorários de advogados nos últimos 16 anos foi de 0,41% sobre o valor distribuído nos IPOs, 0,20% nos follow-ons e 0,33% nos follow-ons CVM 476. Já a média de despesas com auditores independentes foi de 0,14% (IPO), 0,07% (follow-on) e 0,19% (follow-on 476).

O estudo conclui ainda que empresas que realizaram oferta inicial em segmentos mais elevados de governança corporativa da bolsa tiveram maior atratividade. Foram analisadas 174 ofertas iniciais (IPOs), 128 subsequentes e 62 follow-ons com esforços restritos (CVM 476), totalizando 364 aberturas de capital, mas sete transações acima de R$ 10 bilhões foram excluídas da amostra “com o intuito de manter a homogeneidade”.

Outra conclusão é que o número de operações pode crescer bastante, a despeito da pandemia. “O mercado de capitais no Brasil está passando por uma fase de reaquecimento. Mesmo com a pandemia de covid-19, foram realizadas 26 ofertas públicas no ano, entre IPOs e follow-ons, e mais de 50 IPOs estão hoje em processo de análise pela CVM”, comentou Carlos Zanotta, sócio de Global Capital Markets Group da Deloitte.

“Com as perspectivas de manutenção de juros baixos e o processo de migração de investimentos para o mercado de capitais, cria-se um ecossistema favorável para novas ofertas”, reiterou Rogério Santana, diretor de Relacionamento com Empresas e Assets da B3.

Custos diferentes para distintos setores e volumes

Os setores econômicos tiveram desempenhos distintos no que diz respeito ao custo das operações, segundo o levantamento, o que a Deloitte atribui a variações em elementos como complexidade e estrutura societária. Entre 2004 e maio de 2020, as indústrias que tiveram os custos médios com ofertas públicas mais altos foram:

  • agronegócio (5,7% sobre o valor distribuído);
  • têxtil e calçados (5,7%);
  • prestação de serviços (5,4%);
  • educacional (5,1%), e
  • informática, TI, internet e eletrônicos (5,1%).

O levantamento apurou ainda que quanto mais a companhia capta na abertura, menor é seu custo. Desde 2004, o custo médio com IPOs foi de:

  • 6,4% em empresas que captaram até R$ 200 milhões;
  • 5,4% entre R$ 201 milhões e R$ 500 milhões;
  • 4,7% entre R$ 501 milhões e R$1 bilhão;
  • 4,2% entre R$ 1 bilhão e R$ 10 bilhões.

Já no caso dos follow-nos, os percentuais foram:

  • 4,1% (até R$ 200 milhões);
  • 4,2% (entre R$ 201 milhões e R$ 500 milhões);
  • 3,8% (R$ 501 milhões a R$ 1 bilhão); e
  • 3,1% (entre R$ 1 bilhão e R$ 10 bilhões).

Outro ponto de influência sobre o custo, segundo o estudo, foi a governança corporativa, com as empresas que já operavam em padrões mais elevados obtendo rentabilidade mais expressiva. Os segmentos de listagem da B3 criados com regras mais avançadas foram os mais demandados pelas empresas, especialmente o Novo Mercado.

O estudo “Preparação e custos para abertura de capital no Brasil” aponta que, de 2004 a maio de 2020, a maioria dos IPOs (135), follow-ons (78) e follow-ons CVM 476 realizados no país foi listada no Novo Mercado. Todas as ofertas iniciais de ações registradas pela pesquisa referentes de 2020, por exemplo, foram listadas nesse segmento.

 

Fonte: Valor Investe