As empresas de tecnologia de impacto social da [BVM]12, bolsa de valores em desenvolvimento pelo Banco Maré, terão uma certificação ESG, sigla em inglês que indica que os negócios passaram por uma avaliação focada em padrões ambientais, sociais e de governança. A sigla ganhou fama no mundo dos investimentos, mas o mercado tem cobrado critérios mais claros para definir se um investimento é ESG.
Para certificar que as empresas são corretas de verdade, a nova bolsa, se sair do papel, terá uma startup holandesa parceira que vai avaliar o impacto social dessas companhias, por meio de pesquisa digital, utilizando inteligência artificial e blockchain. Com essa tecnologia, a ideia é que essa auditoria seja de baixo custo para os negócios, tenha operação simples e alta precisão. Todas as empresas terão que atender ao modelo de governança para estarem na [BVM]12.
A partir da certificação, a intenção também é criar um indicador de empresas de impacto social, que seja uma referência assim como o Novo Mercado na B3, um segmento de empresas com capital aberto na bolsa que seguem um padrão de governança corporativa diferente, por exemplo.
"Enquanto as empresas estão discutindo critérios ESG, os negócios da bolsa já vão nascer com critérios definidos e com uma avaliação do seu impacto social", diz Eduardo Baumel, CEO da [BVM]12. A [BVM]12 também fechou parceria com outras duas empresas de auditoria, uma para avaliar o caixa das empresas e outra para verificar o plano de negócios.
A ideia é que a nova bolsa, em desenvolvimento, permita quer qualquer um possa investir de forma direta em startups que unem lucro a soluções para problemas da população de baixa renda.
Por enquanto, a [BVM]12 é um projeto que ainda não tem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para funcionar. No entanto, seus criadores seguem em contato informal com a reguladora do mercado há mais de um ano, segundo o Valor Investe apurou que pretendem lançar a bolsa assim que forem autorizados pela CVM.
A intenção é regular a nova bolsa via "sandbox", um conjunto de normas mais simples e flexíveis, para permitir que novas empresas testem tecnologias diferentes, sem sufocar a inovação. Porém, a regulamentação do sandbox ainda não foi divulgada. Outra alternativa é regular a companhia como uma fintech de equity crowdfunding.
Se o projeto da bolsa para empresas de impacto social de fato sair do papel, a meta é atingir 150 mil investidores em um ano. O projeto já conta com apoio do consórcio de blockchain R3, da aceleradora de negócios de impacto social Artemísia e do escritório de advocacia Vieira Resende.
Também está nos planos que o PicPay, aplicativo que funciona como uma carteira digital, o Grão, aplicativo para guardar dinheiro, e outras empresas ainda em negociação ofereçam o investimento na bolsa do Maré dentro de suas plataformas. Assim, em vez de comprar ações por meio de uma corretora, a intenção é que as pessoas invistam na bolsa para empresas de impacto social por meio desses aplicativos.
Fonte: Valor Investe