Notícias

Dados dos EUA e interferências do governo em preços de alimentos no foco dos mercados

Sexta, 11 Setembro 2020

Fique de olho

No último pregão da semana, o mercado acompanha os movimentos do governo em torno do aumento de preços de alimentos, dados de inflação nos EUA e saída conturbada do Reino Unido da União Europeia.

Um Brexit sem acordo, como o Reino Unido ameaça fazer, pode trazer impactos negativos na retomada da economia do país no pós-covid, e a União Europeia promete um processo como "troco". O cenário deixa as bolsas europeias de mau humor. A disparada de casos de covid-19 em países como a Espanha também não ajuda e aumenta temores de segunda onda de contaminação.

A tensão entre China e EUA também segue viva após o presidente Donald Trump avisar que não prorrogará o prazo de 15 de setembro para que a ByteDance venda as operações americanas de seu popular aplicativo de compartilhamento de vídeo TikTok, que está envolvido no conflito entre os países atualmente.

Os congressistas americanos também permanecem distantes da aprovação de um novo projeto de lei de alívio fiscal que poderia ajudar a estimular a economia, o que também é um foco de incertezas.

Por aqui, as interferências do governo nos preços de alimentos continuam sendo acompanhadas por lupa pelo mercado.

O presidente Jair Bolsonaro admitiu ontem que foi consultado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, e o autorizou a notificar supermercados para que expliquem o aumento do preço de itens da cesta básica.

A notificação aos empresários foi feita ontem pela Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), subordinada à pasta de Mendonça.

No mesmo governo, o Ministério da Economia pediu explicações ao Ministério da Justiça sobre notificação. O ofício foi enviado ontem e é assinado pelo secretário de Acompanhamento Econômico da pasta, Geanluca Lorenzon.

A ação tanto do presidente como da Justiça tentam tirar do governo o custo em termos de popularidade da alta da inflação de alimentos.

"O presidente Bolsonaro emite constantemente tais sinais que se afastam de uma agenda liberal, assustam o mercado e põem em xeque a permanência da equipe econômica no governo", avalia o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.

Bolsas internacionais

As bolsas asiáticas fecharam em alta, resistindo à virada negativa na sessão de Wall Street ontem, que terminou com mais uma queda forte das ações de tecnologia após uma breve recuperação na quarta-feira.

O Nikkei, índice de referência da Bolsa de Tóquio, subiu 0,74%, liderado por ganhos em ações de comércio eletrônico, farmacêutica e ferroviária.

Os investidores japoneses continuam observando os desenvolvimentos relacionados a política nacional, já que o Partido Liberal Democrata, no poder, deve escolher seu novo líder na segunda-feira para substituir Shinzo Abe como primeiro-ministro. Com o desempenho de hoje, o Nikkei terminou a semana com ganhos de 0,87%.

Na Coreia do Sul, o Kospi, da Bolsa de Seul, terminou o dia com ganho ligeiro de 0,01%, mas terminou a semana com alta de 1,20%. O Hang Seng, índice de referência da Bolsa de Hong Kong, subiu 0,78% nesta sexta-feira. Ainda assim, terminou a semana com perdas de 0,78%.

Na China os ganhos do dia tampouco foram suficientes para anular a forte queda semanal. O Xangai Composto subiu 0,79% na sessão de hoje, mas acumulou queda de 2,83% na semana. O Shenzen Composto também avançou 1,64% nesta sexta,porém terminou a semana com perdas de 5,51%.

As bolsas europeias operam sem direção única em meio a notícias positivas, como o crescimento do PIB do Reino Unido em julho, e negativas como o interminável impasse sobre o Brexit e um alerta deixado pelo economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, depois de um discurso da presidente da instituição, Christine Lagarde, interpretado por alguns analistas como otimista demais diante das circunstâncias.

Agenda

O dia reserva uma agenda de indicadores e de eventos mais tranquila, mas que contém pontos que devem ser observados com atenção pelos investidores.

No Brasil, o principal destaque é a atividade do setor de serviços, às 9h. Após as leituras mais fortes do que o esperado da indústria e do comércio varejistas em julho, a expectativa, agora, recai sobre o volume de serviços prestados.

No exterior, o foco dos participantes do mercado recai sobre o índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, às 9h30, o primeiro desde que o Federal Reserve (Fed) passou a adotar o esquema de meta de inflação média de 2%.

Empresas

  • O BNDES Participações (BNDESPar) confirmou, em comunicado ao mercado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no início desta sexta-feira, que selecionou o Banco Bradesco BBI para figurar como coordenador líder na estruturação, distribuição e liquidação de potencial oferta pública secundária de até 214.329.063 debêntures participativas de emissão da Vale, das quais 141.727.784 detidas pela União, e o restante, pelo BNDES e pela BNDESPar.
  • O grupo controlador da Tecnisa venceu ontem a primeira rodada formal da disputa com a Gafisa pelo apoio dos minoritários. Em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) na qual compareceram 45% dos acionistas da Tecnisa, 98% dos presentes rejeitaram a continuidade dos estudos para potencial integração de negócios entre as duas incorporadoras, proposta pela Gafisa.
  • O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou nesta quinta-feira (10) que a Vale deverá reparar integralmente todos os danos causados pela evacuação realizada no distrito de Antônio Pereira, em Ouro Preto (MG). Aproximadamente 150 famílias estão fora de suas casas devido aos riscos de rompimento da barragem Doutor, na Mina de Timbopeba.
  • O conselho de administração da Vale aprovou ontem o pagamento da remuneração ao acionista no montante total bruto de R$ 2,4075 por ação, sendo R$ 1,4102 na forma de dividendos e R$ 0,9973 em juros sobre o capital próprio (JCP).
  • A Azul informou que espera operar 505 decolagens diárias nos dias de maior demanda em outubro para 89 destinos. O tráfego de passageiros consolidado da Azul aumentou 26,4% em agosto, na comparação com julho. Em relação ao mesmo período de 2019, ele recuou 68,7%.
  • A agência de classificação de riscos S&P Global Ratings informou que vai avaliar o desconto de 55% no valor de face das dívidas da Oi, parte dos aditamentos ao plano de recuperação judicial, como um calote seletivo.

 

Fonte: Valor Investe