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Parcela de inadimplentes sem condição de quitar dívidas atinge maior patamar em 10 anos

Sexta, 04 Setembro 2020

A crise na economia originada da pandemia levou o volume de inadimplentes recorrentes, ou seja, aqueles com contas em atraso e sem condição de quitação, ao maior patamar em dez anos, pela segunda vez consecutiva. É o que mostrou hoje a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ao anunciar Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

No levantamento, a parcela de famílias endividadas e sem condições de pagar empréstimos ficou em 12,1% em agosto desse ano, acima de julho (12%) e de agosto do ano passado (9,5%). Para Izis Ferreira, economista da CNC, pode se considerar que essa parcela ficou estável, entre julho e agosto — mas admitiu que o patamar dessa faixa se posiciona nível alto.

Na análise da especialista, é preciso acompanhar impacto dos programas emergenciais de renda do governo, bem como redução no valor do auxílio emergencial, para mensurar tendência clara na evolução dos indicadores de inadimplência e endividamento, nos próximos meses.

A especialista comentou que a estabilidade no volume de inadimplentes recorrentes entre julho e agosto pode ser considerada boa notícia na pesquisa. Outro ponto positivo no levantamento foi o tópico parcela de renda média mensal comprometida com dívida, que caiu de 30,3% para 30% - embora seja ainda acima de agosto de 2019 (29,8%). Para a especialista, esses dois resultados comprovam melhora em capacidade de pagamento em parte da população.

Mas o cenário atual é de crise muito forte, e nem todos conseguem lidar com compromissos sem recorrer a empréstimo, notou ela. Isso fez com que a parcela de famílias endividadas ficasse em 67,5% na pesquisa em agosto, acima de julho (67,4%) e de agosto de 2019 (64,8%). Foi o maior patamar da série da pesquisa, iniciada em 2010.

Ao ser questionada qual seria a trajetória de endividamento e de inadimplência para os próximos meses, a técnica comentou ser preciso esperar para saber como o consumo vai reagir com auxílio emergencial em patamar menor, na faixa de R$ 300 - e não de R$ 600 conforme delineado no início da pandemia. "A manutenção do auxílio, por si só, é uma boa notícia para consumo. Mas precisamos ver ainda como vai reagir o consumo a esse novo patamar, para termos visão mais clara [do andamento dos indicadores]", comentou ela.

 

Fonte: Valor Investe