Os fundos de investimento imobiliários passavam por seu melhor momento logo antes da chegada da covid-19. Com a queda da Selic, eles viraram a alternativa para aumentar rentabilidade e foram ganhando mais e mais adeptos.
Mas os retornos desses fundos despencaram nos primeiros meses de quarentena. Com ativos como shoppings e salas comerciais fechadas, desocupados, os fundos acabaram sofrendo prejuízos.
Depois de passado o primeiro momento do surto de coronavírus, entretanto, alguns deles vêm voltando, pouco a pouco, a ganhar rentabilidade. O índice que mede o desempenho dos fundos, Ifix, já voltou ao nível que estava nessa mesma época do ano passado, quando a Selic estava em pleno ciclo de cortes mas muito mais alta.
Gestores de fundos imobiliários apostam no produto como uma estratégia a longo prazo.
“A crise trouxe preços interessantes, começamos até um fundos de fundos para comprar fundos de outros. No início de março, os gestores tiraram do próprio bolso para comprar, aproveitando a oportunidade. Ainda está aí, os preços estão interessantes, não como em março, mas ainda estão”, diz Fabio Carvalho, da Alianza Gestão de Recursos. Ele participou de painéis sobre imóveis no evento virtual Tag Summit.
Os shoppings, que sofreram as maiores perdas, ainda prometem ganhos no pós-pandemia, argumentam. Com mais de 13 anos de experiência no setor de shoppings, Pedro Carraz, gestor de fundos imobiliários de ativos reais da XP Asset, diz que o Brasil ainda tem uma baixa quantidade desses empreendimentos por habitantes, em comparação a outros países.
Para ele, o momento é oportuno para investir se a estratégia for de longo prazo, principalmente para quem aguarda o lançamento de uma vacina contra a covid-19.
“Shopping no Brasil ainda tem bastante espaço para continuar crescendo. Serão meses difíceis, mas volto a dizer que investir no mercado imobiliário, em fundo imobiliário tem que ser uma visão de longo prazo”, afirma.
Ele argumenta ainda que shoppings possuem muitos locatários, por isso, têm um risco menor de vacância. Passado o momento mais duro da crise, eles devem voltar a concentrar multidões, porque, segundo Carraz, faz parte da cultura do brasileiro.
Bruno Margato, da Credit Suisse Hedging-Griffo, pondera que os shoppings vão precisar apostar cada vez mais na parte de versatilidade e entretenimento, porque o desenvolvimento do comércio eletrônico, agora mais consolidado, vai ser um desafio.
“Shopping vai continuar existindo. Todo mundo busca sair de casa. Olhando no longo prazo, tem oportunidade”, comenta.
Home office
Os três gestores concordam que o trabalho remoto, muito chamado de home office, vai oferecer uma pressão para o setor, mas muito mais devido ao momento de corte de gastos das empresas que por um aprofundamento da cultura de trabalhar de casa.
Para eles, o impacto do home office vai ser limitado e paulatino, na medida em que as empresas virem o que funciona ou não para elas.
Outro ponto de otimismo é que não há previsão de entregas de novos imóveis comerciais para o próximo ano. Portanto, sem aumento da oferta, é possível que a procura faça os aluguéis se valorizarem novamente num cenário de retomada da economia.
Fonte: Valor Investe