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Ritmo de lançamentos de fundos globais continua forte no segundo semestre

Quinta, 20 Agosto 2020

A oferta de novos fundos globais nas plataformas brasileiras tem sido intensa nos últimos meses e, se depender das gestoras, vai continuar em ritmo forte. Várias casas têm pisado no acelerador das novidades estrangeiras e prometem continuar a trazer mais grifes de fora ainda em 2020.

A XP anunciou na semana passada a disponibilização de um novo fundo de renda fixa internacional montado especialmente para o público brasileiro pela gestora Moneda, especializada na análise de ativos da América Latina.

A butique chilena de investimentos, que tem US$ 9,8 bilhões em ativos sob gestão, criou um portfólio específico para a plataforma digital da corretora brasileira, no qual combina suas duas principais estratégias de renda fixa: a seleção de ativos com grau de investimento e “high yield”, ou seja, papéis com maior risco, mas que oferecem retorno elevado.

A nova opção de investimento no exterior da plataforma segue a lógica de que os fundos de crédito privado locais são muito concentradas em companhias brasileiras, conforme o responsável por fundos internacionais da XP, Fabiano Cintra. De acordo com o chefe de pesquisa e gestão de América Latina da Moneda, Daniel Vargas, o fundo pode investir em qualquer país na região, inclusive os mercados de fronteira.

Com 45 fundos internacionais na plataforma, a XP pretende expandir a oferta em mais de 40% até o fim do ano. De acordo com Cintra, a casa pretende lançar 25 novos produtos e firmar mais três parcerias com gestores estrangeiros ainda em 2020.

O BTG Pactual também tem planos para manter o público da plataforma de investimentos abastecido de novidades nos próximos meses. Segundo o diretor de vendas internacionais do banco, Marcos Pimentel, já estão fechados acordos de distribuição de fundos com mais duas casas estrangeiras, a Janus Henderson, com um portfólio global de papéis de tecnologia, e a Krane, que vai oferecer um ETF de ações da China.

O lançamento dos fundos deve ocorrer no próximo mês. Pimentel afirma que o BTG já tem conversas para novas parcerias e quer trazer ao país mais estratégias internacionais neste ano, algumas com perfil mais específico.

“O Brasil está indo em um caminho similar ao que aconteceu com outros países da América Latina, onde os investidores começaram com estratégias globais e com o tempo partiram para subclasses de ativos, como, por exemplo, ‘small caps’ europeias sem Inglaterra”, diz.

No primeiro semestre a Franklin Templeton trouxe para o Brasil o K2, um fundo de fundos que começou a ganhar tração entre abril e maio. O mais recente é uma carteira long/short (de arbitragem) de ações de empresas de tecnologia da gestora Wellington, com espelhos na Ágora e no Bradesco. Lançado em julho, o portfólio já atraiu cerca de R$ 300 milhões. Com outro distribuidor, a Franklin estuda trazer carteiras ligadas à energia e à inovação, não de gigantes do setor, como Facebook, Apple, Microsoft ou Google, mas que tenham tecnologia nos processos.

Nas próximas semanas, o J.P. Morgan deve trazer ao Brasil um portfólio balanceado com um mix entre renda fixa e variável e foco no investidor institucional, “a próxima onda de crescimento” para os produtos globais, diz Giuliano De Marchi, executivo-chefe da asset do banco na América Latina.

O gestor diz não poder dar mais detalhes, mas antecipa que será um fundo com custos bastante agressivos, já que num mercado de Selic a 2% ao ano “qualquer 20 pontos-base na taxa de administração faz uma diferença gigantesca”.

O novo fundo vem sem a muleta da proteção cambial. Para De Marchi, o hedge fazia sentido quando o diferencial de juro local e externo era grande. “No longo prazo, é importante ter exposição em moedas diferentes, não somos consumidor só de reais. Vários produtos da cesta de inflação estão expostos ao dólar e outras divisas.”

 

Fonte: Valor Investe