O pagamento instantâneo no Brasil será rival direto não apenas das transferências bancárias e dos cartões de débito, mas também das modalidades de pagamento a prazo, como o cartão de crédito, disse um executivo da empresa escolhida pelo Banco Central para fornecer equipamentos de segurança para o sistema.
“O sistema do pagamento instantâneo (PIX) permitirá que a liquidação de compras seja feita em 30 dias, por exemplo”, disse Marco Zanini, sócio fundador da Dinamo Networks, que venceu a licitação do BC para fornecer equipamentos para a implantação do PIX.
Segundo o executivo, o sistema também permitirá pagamentos de compras em parcelas. “Isso permite substituir o cartão de crédito”, afirmou.
Previsto para entrar em vigor em novembro, o PIX é uma das principais apostas do BC para incentivar o aumento da competição do sistema financeiro brasileiro, conhecido por praticar tarifas e taxas de juros elevadas.
Com a gradual inclusão de possibilidades adicionais de pagamentos, a concorrência com os meios tradicionais deve ser ainda maior, disse Zanini.
Segundo dados das empresas de cartões, Abecs, no ano passado as compras pagas com cartão movimentaram 1,84 trilhão de reais, um crescimento de 18,7% sobre o ano anterior. Quase dois terços desse montante foram de pagamentos com cartões de crédito, modalidade que proporciona maiores oportunidades de receitas, como a de antecipação de recebíveis a lojistas, por exemplo. Só a líder do mercado, Cielo, teve receita líquida de 11,34 bilhões de reais em 2019.
O pagamento instantâneo, com similares já implementados em outros 34 países, funcionará 24 horas por dia, todos os dias do ano, e o custo por transação previsto é de unidade de centavos de real, o que tende a fazer as instituições a subsidiarem o custo no esforço para conquistarem clientes.
Segundo Zanini, essas aplicações de pagamentos a prazo ou em parcelas não estarão disponíveis de imediato quando o pagamento instantâneo entrar em vigor, mas a arquitetura do sistema já permite essas e outras adaptações, que serão gradualmente incluídas por entidades participantes, à medida que a concorrência crescer.
Embora o próprio BC não tenha ainda estabelecido se haverá teto para transações por meio do PIX, especialistas avaliam que é provável que o regulador imponha limites de valores no início do sistema até que o mercado se sinta mais confiante com o uso da plataforma.
Por ora, ainda há dúvidas sobre soluções para casos de eventuais estornos de transações ou como funcionará a responsabilização por fraudes, por exemplo.
Segundo o executivo, o PIX dará ao BC maior controle sobre a movimentação monetária do que nos meios tradicionais, porque terá maior visibilidade, por exemplo, sobre “moedas alternativas”, como cashback, a premiação dada a clientes em programas de fidelidade.
Fonte: Exame