Em um contexto de amplificação dos contatos virtuais, motivados pelo isolamento para conter o novo coronavírus, fintechs estão adotando medidas para proteger a parcela mais velha da clientela, alvo comum de crimes pela internet em armadilhas para obter dados, senhas e dados pessoais.

Segundo levantamentos, essas fraudes vêm se tornando mais frequentes após a pandemia, no embalo de uma maior adesão a canais digitais para evitar aglomerações. A mais frequente é o “phishing”, em que o criminoso finge ser pessoa ou empresa confiável para obter informações como nome de usuário, senhas e dados do cartão de crédito. Até a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) publicou, em abril, um alerta sobre o aumento dos golpes.

Contra essa tendência, fintechs no Brasil e no mundo tentam ampliar a proteção. Um mapeamento da ilegra, empresa de design, inovação e software, sobre o relacionamento do público sênior com a tecnologia, ouviu mais de 30 fintechs nacionais e estrangeiras e concluiu que o Brasil tem iniciativas promissoras no setor, ainda que poucas.

É o caso de um mecanismo de cartão pré-pago com limite, para ser usado no lugar do cartão de crédito, durante viagens ou períodos pré-estabelecidos, criado pela fintech americana Eversafe. Também houve diversas menções a ampliações dos times de atendimento ao público mais velho, com frequência maior de contato.

Outro exemplo é um recurso de dupla verificação (“double check”) de transferências digitais com filhos ou parentes autorizados, criado pela fintech mineira de crédito Prestho. Em certas condições de valor e horário, por exemplo, para que a movimentação do cliente idoso seja autorizada, é necessária uma revisão por um familiar previamente cadastrado.

“Percebemos que, mesmo distantes, os filhos podem dar um ‘double check’ nas movimentações. Essa é uma grande oportunidade a ser explorada”, diz Caroline Capitani, vice-presidente da ilegra e responsável pelo mapeamento.

A fintech Prestho também lançou em abril um aplicativo exclusivo para seus clientes mais velhos, com atendimento reforçado e dicas de planejamento financeiro.

O Nubank, um dos pioneiros no serviço bancário digital do país, também relatou inovações para os mais velhos, ao encontro do aumento da procura. Segundo a empresa, a fatia de clientes com mais de 60 anos cresceu 12% desde janeiro, o que a empresa credita a recursos de segurança, como autenticações por meio de biometria e reconhecimento facial, e a sistemas de monitoramento em tempo real de transações desse público.

“É um constante exercício estabelecer mecanismos de autenticação de contas que sejam mais naturais e fáceis na experiência, ao mesmo tempo que garantam a segurança e integridade das informações”, comentou o banco.

O PagSeguro também relatou mudanças de segurança pensadas para os mais velhos, como o cartão virtual internacional, para compras na internet; caso o cliente acesse um site ou programa malicioso, a fraude corrompe apenas os dados do cartão virtual, não os do cartão físico.

A empresa também relatou mudanças recentes pensadas para o público mais velho, embora alheias à segurança, como uma revisão do desenho do aplicativo para aumentar botões e fontes de letras.

Fonte: Valor Investe