Quem está isolado em casa por conta da pandemia certamente está gastando menos com lazer, transporte e alimentação. Mas se essa economia ainda não é suficiente para se preparar para uma recessão ou equilibrar o orçamento afetado por perda de renda, é hora de partir para o “orçamento de guerra”.
Uma vantagem da quarentena é que como a família está reunida em casa é possível engajar a todos na hora de cortar gastos, diz Vera Rita de Mello Ferreira, doutora em psicologia social pela PUC, autora dos primeiros livros de psicologia econômica do Brasil e consultora e professora do Vértice.
Naturalmente, é necessário resistir às tentações, e, em último caso, cogitar usar medidas de alívio que os bancos vêm anunciando quando se trata de dívidas, mas consciente de quanto terão impacto no orçamento futuro.
Veja abaixo o que fazer para diminuir gastos e economizar na pandemia:
1 – Calcule o novo orçamento
Primeiro é necessário calcular o quanto foi perdido, de fato, de renda familiar, e o que é prioritário pagar com o dinheiro, como contas da casa e comida. Também vale checar se é possível se enquadrar em benefícios federais criados para sustentar trabalhadores na pandemia, como o auxílio emergencial ou a MP 936.
Depois, é necessário verificar qual o valor que se tem como reserva financeira, e quanto irá durar nas atuais condições, para traçar planos e gastos. Para quem não tem reservas, vale traçar os melhores caminhos para tomar crédito, quanto será necessário e quais as melhores condições oferecidas no mercado.
2 – Não seja radical
Vá com calma e não seja tão radical na hora de listar o que fica fora do orçamento e o que não, logicamente se tiver ainda um fôlego financeiro para isso. Em um momento caótico, determinados gastos podem tornar a vida mais “suportável” nesse momento, como pedir uma pizza no final de semana.
Segundo Vera Rita, uma forma gradual de cortar gastos é a família instituir um dia da semanasem sobremesa, e ir aos poucos experimentando como é ficar sem determinado tipo de produto ou serviço.
3 – Busque ideias
Em um cenário no qual todos estão isolados e passando eventualmente por apertos financeiros, não faltam ideias para economizar.
Vera Rita indica compartilhar em grupos de whatsapp e no Facebook dicas de corte de gastos.”É hora de unirmos forças. O que vale para um pode valer para muitos”.
4 – Negocie contas
Todos sabem que uma pandemia pode causar grandes efeitos negativos sobre o orçamento. Portanto, não é hora de ficar constrangido em negociar.
Se o motivo para atrasar o pagamento do aluguel ou despesas com despesas com educação é a perda de renda, busque negociar com o locador ou a escola ou faculdade. É possível pedir a suspensão dos valores por um determinado período e prometer pagar o valor devido em um prazo maior, de forma adicional a pagamentos futuros.
Também é o momento de verificar se outra operadora de telefonia não oferece um preço mais em conta por serviços como internet e telefone.
Para diminuir o peso da tarefa, a dica é dividi-la entre os membros da família, ou colocar como meta diária renegociar três contas ou fazer três pesquisas de preços. “É possível engajar a família estabelecendo gratificações para quem conseguir o maior desconto, como não lavar a louça durante uma semana”, diz Vera Rita.
5 – Analise a opção de prorrogar o pagamento de dívidas
Para quem tem financiamentos e dívidas a pagar, prorrogar as parcelas por 60 dias (no caso de financiamento de imóveis, por até 90 dias), e ficar sem pagar os valores nesse período, pode ser um meio de ganhar fôlego financeiro.
Contudo, os juros nessa pausa não deixam de correr e a alternativa tem custo, que pode dobrar o valor das parcelas prorrogadas ao final do financiamento. Ainda que o valor da pausa seja diluído no restante do saldo devedor, em empréstimos pessoais e financiamento de carros, que têm parcelas fixas, a solução torna as prestações restantes maiores.
Portanto antes de optar pela prorrogação das parcelas do financiamento ou empréstimo, em um momento de taxa Selic na mínima histórica verifique se não é melhor tentar portar a dívida para outros bancos que paguem juros menores ou optar por outra modalidade de crédito mais acessível, como o crédito consignado.
6 – Resista à tentação do comércio online
Estar isolado em casa, em um momento de crise, pode ser um gatilho para se presentear com compras desnecessárias. Apesar de permitir driblar a tentação de uma vitrine, a quarentena pode incentivar a busca pelo consumo online, que está à mão.
A dica de Vera Rita é colocar, em um local de fácil visualização, um teto para gastos supérfluos. “Pode ser interessante também deixar de seguir algumas contas nas redes sociais que funcionam como um incentivo para compras”.
7 – Substitua produtos de marca e delivery
Mesmo isolado está complicado economizar, pois os preços no supermercado subiram e o frete da comida por delivery é um custo a mais? Então prefira cozinhar em casa e substitua produtos mais caros por aqueles de marcas mais acessíveis.
A recomendação é realizar pesquisas, diz Vera Rita. “Mercados de menor porte, no bairro, podem oferecer um preço mais em conta, já que não sentiram tanto a alta da demanda. É um momento no qual todos estão oferecendo promoções e negociando”.
Fonte: Exame