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De petróleo a estímulos, mercados conseguirão ter nova semana de alta?

Segunda, 30 Março 2020

A semana que passou trouxe algum tipo de alento aos mercados mundo afora. O brasileiro Ibovespa fechou a semana em alta acumulada de 9% (ainda que tenha caído 5,51% só na sexta-feira). A segunda-feira, 30, começará a mostrar se as altas conseguirão ser mantidas, com a pandemia de coronavírus muito longe de acabar no Ocidente e governos lançando mais pacotes de estímulo.

Os mercados começam a semana com novo choque vindo do petróleo. O preço do barril do tipo Brent era cotado a 20,67 dólares às 6h30, queda de quase 4%. Na madrugada, chegou a menos de 20 dólares.

Com as quedas sucessivas ao longo do mês, o barril chegou ao menor patamar de preço em 18 anos. “A demanda global por petróleo está evaporando devido às restrições de viagem e medidas de distanciamento social provocadas pela covid-19”, disse à agência Reuters o analista de petróleo do banco UBS, Giovanni Staunovo.

Analistas não veem como impossível ver o barril chegar a 10 dólares. Ajuda a agravar a situação a briga entre Rússia e Arábia Saudita, dois dos maiores produtores do mundo — na sexta-feira, 27, o governo saudi disse que não está em conversas com os russos para um acordo sobre o preço e o volume de produção.

As bolsas na Ásia fecharam em baixa. Os índices chineses de Shenzhen e Xangai caíram 2,03% e 0,9%. O japonês Nikkei teve baixa de 1,57% e a bolsa de Hong Kong, de 1,32%. Na prova do alto grau de volatilidade do mercado, o AOX, principal índice da Austrália, teve alta de 7%, a maior em décadas.

Desde o começo do ano, a bolsa australiana perdeu mais de 20% de seu valor. O VIX, chamado “índice do medo” e que mede a volatilidade global, dobrou de valor somente no último mês e opera em alta de 7% nesta manhã.

Mais de um terço do planeta está em quarentena, reduzindo a atividade econômica. O mundo registrava na manhã desta segunda-feira mais de 724.000 casos de coronavírus. Na sexta-feira, 27, eram mais de 684.000 casos. O número de mortes na Itália passou de 10.000 pessoas, e especialistas se questionam sobre quando afinal essa curva de crescimento começará a cair.

O boletim divulgado pelo governo italiano no domingo, 29, mostrou 756 mortes, menos que as 889 e 969 mortes dos dois dias anteriores. A ver se a tendência continua. Os Estados Unidos têm o maior número de casos, mais de 143.000, mas pouco mais de 2.400 mortes.

Da seara de boas notícias, a chinesa Wuhan, primeira afetada pela pandemia, começou a voltar ao trabalho nesta segunda-feira. Parte do comércio local reabriu e a cidade não reportou novos casos pelo sexto dia seguido. A indústria chinesa, contudo, deve sofrer um baque nos próximos meses à medida em que países do Ocidente diminuem o ritmo de importação.

No Brasil, o Ibovespa deve repercurtir ao longo do dia o pacote de estímulo do Congresso que deve ser chancelado hoje pelo Senado e concederá benefício de até 1.200 reais a famílias que ficarão sem salário com a crise. Na semana passada, os mercados também se animaram com o pacote de 2 trilhões de dólares aprovado no Congresso dos EUA. O petróleo deve acentuar a volatilidade do mercado e complicar o dia de quem esperava uma nova semana de ganhos.

 

Fonte: Exame