O aumento expressivo do dólar contra o real aprofundou o sentimento de aversão a risco e se refletiu no mercado de juros, onde as taxas futuras exibiram saltos expressivos. A chance de um corte mais agressivo na Selic já em março, de 0,50 ponto percentual, diminuiu de 30% para 13% e uma parcela dos agentes financeiros já coloca em xeque a credibilidade da política monetária.
“Um corte de juros neste momento seria um erro e o mercado está mostrando isso para o Banco Central”, afirma o economista-chefe da Exploritas, Andrei Spacov. Ele argumenta que autoridades monetárias de mercados emergentes geralmente não cortam os juros e intervêm no câmbio ao mesmo tempo. “Se isso acontece, algo está errado.”
Spacov alerta, assim, que novas reduções no juro básico neste momento podem gerar um “corte contracionista” na Selic, dado o forte movimento de alta da taxa de longo prazo. Sinal de alerta para boa parte do mercado, a diferença entre juros longos e curtos - a chamada inclinação da curva - subiu ontem para 3 pontos percentuais, no maior nível desde setembro de 2018. A conta considera a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 e a de 2029.
Fonte: Valor Investe