A inflação no Brasil foi de 0,40% em maio, aceleração em relação aos 0,22% de abril e mais alta do que os 0,31% de maio de 2017.
O acumulado nos últimos 12 meses ficou em 2,86%, ainda abaixo do piso da meta do governo – que é de 4,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo (3%) ou para cima (6%).
Os números são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e foram divulgados na manhã desta sexta-feira (08) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A previsão do mercado era de uma taxa mensal na faixa entre 0,28% (IBRE/FGV) e 0,36% (MB Associados).
A greve dos caminhoneiros já impactou o número, já que os primeiros bloqueios foram no dia 21 de maio e a coleta de preços do IBGE foi até o dia 29.
“Pegou a ponta final do IPCA e puxou o número como esperado. Antes da greve trabalhávamos com 0,29%, mas dá para dizer que o impacto não foi tão significativo. Esperamos que junho pode voltar um pouco, mas há o receio agora de um impacto do câmbio”, diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, em e-mail para EXAME.
Grupos
Dos 9 grupos pesquisados pelo IBGE, só Artigos de Residência teve queda de preços em maio: -0,06%.
O grupo Habitação subiu 0,83%, a maior alta do mês, e contribuiu sozinho com 0,13 ponto percentual no índice final.
A maior parte disso é por causa da energia elétrica que acelerou a alta de 0,99% em abril para 3,52% em maio.
Desde o primeiro dia do mês passado está em vigor a bandeira tarifária amarela, que adiciona R$ 0,01 a cada kwh consumido.
Outros itens que pesaram foram o gás encanado (0,91%), impactado por reajuste no Rio de Janeiro, e taxa de água e esgoto (0,27%), refletindo reajustes em Curitiba e Recife.
O grupo Transportes, que havia tido inflação zero em abril, foi a 0,40% em maio com impacto de 0,07 ponto percentual na taxa final.
Puxaram para cima as altas da gasolina (3,34% de variação e 0,15 p.p. de impacto) e do óleo diesel (alta de 6,16% e 0,01 p.p. de impacto).
Mas pesaram para baixo as passagens aéreas (-14,71% de variação e -0,05 p.p. de impacto) e o etanol (-2,80% de variação e -0,03 p.p. de impacto).
Alimentação e Bebidas, de longe o grupo com maior peso no índice final, acelerou de 0,09% em abril para 0,32% em maio.
Aceleraram tanto os alimentos para consumo no domicílio (0,36%) quanto a alimentação fora (0,26%)
“A inflação de alimentos surpreendeu para cima e parte disso pode ser simplesmente reflexo das disrupções de transportes e logística causadas pela greve dos caminhoneiros”, diz nota de Alberto Ramos, chefe de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs.
Alguns dos itens com maior alta foram a cebola (de 19,55% em abril para 32,36% em maio) e a batata-inglesa (de -4,31% em abril para 17,51% em maio).
Grupo | Variação abril, em % | Variação maio, em % |
Índice Geral | 0,22 | 0,4 |
Alimentação e Bebidas | 0,09 | 0,32 |
Habitação | 0,17 | 0,83 |
Artigos de Residência | 0,22 | -0,06 |
Vestuário | 0,62 | 0,58 |
Transportes | 0 | 0,4 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,91 | 0,57 |
Despesas pessoais | 0,12 | 0,11 |
Educação | 0,08 | 0,06 |
Comunicação | -0,07 | 0,16 |
Grupo | Impacto abril, ema p.p. | Impacto maio, em p.p. |
Índice Geral | 0,22 | 0,4 |
Alimentação e Bebidas | 0,02 | 0,08 |
Habitação | 0,03 | 0,13 |
Artigos de Residência | 0,01 | 0 |
Vestuário | 0,04 | 0,03 |
Transportes | 0 | 0,07 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,11 | 0,07 |
Despesas pessoais | 0,01 | 0,01 |
Educação | 0 | 0 |
Comunicação | 0 | 0,01 |
Fonte: Exame